O ÍNTIMO DESÍGNIO
Enfeitado de rosas negras e juncos selvagens,
criados nas margens da madrugada, chegou o fim do ano, apressado e secreto.
Amanhã é sempre o hoje que dissimulamos no rosto
das pequenas emoções que vivem e desaguam no gesto da oferta e nos abraços que
envolvem a saudação ao novo ano. É íntimo este desígnio das flores enlaçadas
pela dádiva e que cintila nos laços e nos gestos que amarram o passado à memória do futuro.
Hoje é noite. E a memória vive por entre os juncos e a natureza que enfeita de saudades as
margens deste nosso rio, das fontes até à foz.
Augusto Mota, texto 34 de «A Geografia do Prazer», 31.12.1998
- Exaltação do corpo em viagem pelos continentes da memória.
Sem comentários:
Enviar um comentário