domingo, 24 de fevereiro de 2013

A Geografia do Prazer


 13  O PRELÚDIO DO VAZIO

A espera é difícil como o silêncio que não atende os desejos e a distância. O tempo vai longo e esquecido dos anseios e das emoções. De longe apenas chegam os vibrantes aplausos no final da Patética de Tchaikovsky. Tudo parece conjugar-se para entristecer a noite e sublinhar o desconcerto da espera.
 
Que nova sinfonia ouviremos agora?
 
Já se anuncia o prelúdio do longo vazio que irá atravessar a noite. Estranha melodia esta que vive entre o silêncio e o desejo, entre a distância e o tempo, entre as trindades e o toque do amanhecer!
 
Que acordes ouviremos, então, na madrugada de nós? 
 
 
Augusto Mota, texto 13 de «A Geografia do Prazer», 1998  

- Exaltação do corpo em viagem pelos continentes da memória. 
 

2 comentários:

  1. A sublimação da dor regenera-a numa terna redenção do dia que se espera não amanheça vazio. Pela força da poesia.

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