8 O SORTILÉGIO DOS FRUTOS
Suculentos frutos frescos abrem-se à boca como romãs ao sol poente e o sumo carmim de suas veias derrama-se como música em nossas mãos. O bardo entoa o sortilégio de um céu longínquo de azul e fantasia. Muito para além das janelas desses frutos antevejo os tempos em que, juntos, bebemos suas sementes, quando a maresia e o vento leste nos pinhais parecia prolongar a doçura de cada gesto e tais frutos, abertos à natureza, diziam de nós e de todas as colheitas que sagravam os bosques do nosso contentamento.
Suculentos frutos frescos abrem-se à boca como romãs ao sol poente e o sumo carmim de suas veias derrama-se como música em nossas mãos. O bardo entoa o sortilégio de um céu longínquo de azul e fantasia. Muito para além das janelas desses frutos antevejo os tempos em que, juntos, bebemos suas sementes, quando a maresia e o vento leste nos pinhais parecia prolongar a doçura de cada gesto e tais frutos, abertos à natureza, diziam de nós e de todas as colheitas que sagravam os bosques do nosso contentamento.
Em seu constante revolver o mar acolhe este balançar entre a memória e o vento, enquanto o bardo insiste nos tons outonais do poente que separa a vida e a gente.
Lestos são os frutos em seu despontar do prazer. Serão novo andamento em secreto concerto, melodia vaga e triste que ensombra os dedos e chora por nós um adeus que festeja o álacre outono em sua primaveril renovação.
As estações do corpo cumprirão seus ritos!
Augusto Mota, texto 8 de «A Geografia do Prazer», 1998
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